São ao todo 27 pessoas (uma delas já morreu), acusadas no final de 2022 de terrorismo. Pertencem ao movimento de extrema-direita Reich Citizens, que rejeita a constituição alemã do pós-guerra. Estão marcados três julgamentos, o primeiro dos quais arrancou esta segunda-feira em Estugarda.
Nove pessoas começaram a ser julgadas esta segunda-feira em Estugarda, na Alemanha, por uma alegada conspiração de extrema-direita, tornada pública no final de 2022, para derrubar o governo alemão.
Fazem parte de um total de 27 pessoas (uma delas entretanto já morreu) acusadas em dezembro de terrorismo. Trata-se do movimento Reich Citizens, ou Reichsbuergerbewegung em alemão, constituído por elementos que se opõem à constituição alemã do pós-guerra,rejeitando o estado alemão moderno em favor do Império (Reich), que se estendeu durante três períodos, entre 1871 e 1945.
No âmbito deste processo, serão realizados três julgamentos. Os nove réus que compareceram no tribunal de Estugarda, esta segunda-feira, pertenciam supostamente ao braço militar do grupo, segundo a agência de notícias alemã dpa. Um dos arguidos está também a ser julgado por tentativa de homicídio.
Nove outros suspeitos, entre os quais um autoproclamado príncipe e um antigo legislador de extrema-direita, serão julgados a 21 de maio num tribunal estatal de Frankfurt no mais proeminente dos três casos. Os outros oito serão julgados em Munique a 18 de junho.
Entre os arguidos que serão julgados em Frankfurt estão Heinrich XIII Prince Reuss, que o grupo alegadamente planeava instalar como novo líder provisório da Alemanha, Birgit Malsack-Winkemann, juíza e antiga deputada do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, bem como um paraquedista reformado.
Segundo os procuradores, o grupo planeava invadir o edifício do Parlamento em Berlim e prender os deputados. Alegadamente, pretendia negociar uma ordem pós-golpe principalmente com a Rússia, como um dos vencedores da Segunda Guerra Mundial.
Os procuradores afirmaram que os arguidos acreditavam em "mitos", incluindo a teoria do grupo QAnon com raízes nos Estados Unidos, e estavam convencidos de que a Alemanha é governada por um chamado Estado profundo.
Prevê-se que os processos dos três casos se prolonguem até 2025.
A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, disse na televisão pública ZDF que o julgamento “mostra a força" do Estado de Direito na Alemanha e que "a maior rede terrorista de cidadãos do Reich até à data" tem de responder por "planos militantes para derrubar o governo”.