Ataques em Zaporíjia: "Estamos perigosamente perto de um acidente nuclear"

Rafael Grossi, diretor-geral da IAEA
Rafael Grossi, diretor-geral da IAEA Direitos de autor Matthias Schrader/Copyright 2019 The AP. All rights reserved
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Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica deixou avisos sobre ataques à central nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, no Conselho de Segurança da ONU. Ucrânia e Rússia trocaram acusações.

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Rússia e Ucrânia trocaram acusações na segunda-feira, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, sobre os ataques à central nuclear de Zaporíjia, que se repetiram nas últimas semanas. O líder da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, na sigla original), sem atribuir culpas, realçou que os ataques colocaram o mundo "perigosamente perto" de um acidente nuclear e avisou que o risco "permanece real".

Segundo Rafael Grossi, o diretor-geral da agência da ONU para o nuclear, foi possível confirmar três ataques à central nuclear desde 7 de abril. "Estes ataques irresponsáveis têm de parar imediatamente", disse Grossi, perante o Conselho de Segurança, admitindo que, até ao momento, não houve qualquer incidente grave em resultado dos ataques, mas salientando que a "segurança nuclear está já comprometida".

Depois da reunião no Conselho de Segurança, Grossi disse aos jornalistas que o facto de a central nuclear em território ucraniano ocupado pelos russos ter sido atacada com drones torna praticamente impossível determinar com segurança quem esteve por trás dos ataques. "Para conseguirmos dizer algo assim, temos de ter provas", explicou. "Estes ataques foram realizados com uma grande variedade de drones", acrescentou o diretor-geral da IAEA.

A central nuclear de Zaporíjia fica no sudeste da Ucrânia e tem seis reatores nucleares, sendo uma das dez maiores do mundo. Os reatores estão encerrados, mas continuam a precisar de energia e de funcionários qualificados que consigam realizar operações cruciais de arrefecimento das instalações e tenham conhecimento de outros procedimentos de segurança.

A Ucrânia e os aliados culparam a Rússia por colocar em perigo a central nuclear, que foi ocupada pelas forças de Moscovo pouco tempo depois da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. "A Rússia não quer saber dos riscos", apontou Robert Wood, vice-embaixador dos Estados Unidos, na reunião do Conselho de Segurança. 

Já a Rússia, acusou Kiev de estar por trás dos ataques à central nuclear. "O relatório da IAEA não detalha que lado está por trás dos ataques. Nós sabemos bem quem é", disse o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia.

Sergiy Kyslytsya, embaixador da Ucrânia na ONU, garantiu que os ataques foram orquestrados por Moscovo para "distrair o mundo da invasão do seu vizinho".

Câmara dos Representantes vai votar ajuda militar à Ucrânia

Nos Estados Unidos, depois de meses de bloqueio, a Câmara dos Representantes anunciou que vai votar esta semana planos separados de ajuda militar à Ucrânia e a Israel.

"Esta semana, iremos considerar projetos de lei separados", incluindo aqueles para "financiar o aliado israelita" e "apoiar a Ucrânia na guerra contra a agressão russa", anunciou na segunda-feira o republicano Mike Johnson, líder da câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, admitindo que os mais recentes acontecimentos levaram à mudança de posição. O presidente Joe Biden também terá tido influência na decisão, uma vez que voltou a pressionar o Congresso para que dê luz verde ao pacote de milhares de milhões de ajuda militar à Ucrânia.

"Há acontecimentos repentinos em todo o mundo que todos estamos a seguir de perto", admitiu Johnson.

Na rede social X (antigo Twitter), Johnson explicou que os planos vão ainda apoiar os aliados dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico e aprovar medidas adicionais para fortalecer a segurança nacional do país. Apesar de deixar em aberto a possibilidade de os projetos serem combinados num único pacote, como estava inicalmente previsto, o presidente da Câmara dos Representantes disse preferir que fossem aprovados de forma individual.

"Terroristas e tiranos e líderes terríveis em todo o mundo, como Putin e Xi, e no Irão, estão a ver se a América vai defender os seus aliados e os nossos próprios interesses em todo o mundo. E é o que faremos", afirmou Johnson.

No entanto, o facto de o presidente da Câmara dos Representantes ter decidido alterar o processo de votação poderá ter impacto numa eventual aprovação, já que deixa de corresponder com o pacote de 95 mil milhões de dólares aprovado pelo Senado em fevereiro para ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan.

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